| | O espírito da música | |
| | Autor | Mensagem |
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BlodyGirl Portador do Death Note
Número de Mensagens : 323 Idade : 35 Localização : Porto Emprego/lazer : Estudante de CC Humor : Cínico Warning : Data de inscrição : 13/08/2009
| Assunto: O espírito da música Sex Ago 28, 2009 5:21 pm | |
| - Citação :
- Em primeiro lugar devo agradecer a todos os que entraram na minha fic, e me deram ideias. Quero também pedir desculpa às pessoas que mencionei na história mas não informei de que tal ia acontecer. Peço também desculpa por ter postado 4 vezes seguidas mas isto não dá para juntar. T_T Espero que gostem! Agradecida, BlodyGirl ^^
Conhecer a nova casa (I)- Spoiler:
Finalmente Quental e Rasec tinham entrado no apartamento universitário. Ainda não se conheciam bem mas sabiam que faziam parte do mesmo curso e também que iriam partilhar o novo espaço. Era certo que sabiam que haviam ouvido falar numa lenda acerca do nº 44 da residência universitária, em que vários estudantes haviam sido encontrados mortos naquele mesmo apartamento mas não era isso que os parava. Sentiam-se finalmente livres, por já não viverem no mesmo tecto que os pais, pelo menos durante a semana, e nada mais lhes importavam.
-Bem, eu fico com este e tu com aquele. – Foram as palavras Quental ao ver a forma da nova casa.
-Por mim tudo bem. – Respondeu Rasec com um sorriso.
Quental pegou na sua mala, que nada mais era do que um simples saco desportivo azul-escuro, e dirigiu-se para o quarto escolhido. Rasec agarrou também nos seus pertences e foi para o seu quarto com um passo firme e seguro. Estava ciente do que estava a acontecer e gostava da sensação que tinha naquele momento, daquela sensação de liberdade. Gostou também do seu quarto. Era bastante escuro, como Rasec gostava, mas tinha luminosidade suficiente para que não batesse em nada e pudesse ver aquilo que queria. A cama de solteiro estava feita. Não sabia ao certo se teria que a fazer ou não mas ainda bem que assim estava, o que lhe daria menos trabalho. Do lado esquerdo do quarto havia também uma secretária com um Toshiba para que pudesse trabalhar. Aquele era um dos poucos benefícios dos quais os alunos do seu curso podiam usufruir, era um dos bons motivos para entrado em Engenharia de Redes e Sistemas Informáticos. E do lado direito encontrava-se o armário para a roupa. Era um quarto pequeno, sem dúvida, mas tinha o que era preciso. Pousou a mala de viagem sob a casa e abriu o guarda-vestidos. Tinha uma barra com várias cruzetas onde poderia guardar a roupa e três pequenas gavetas encontravam-se entranhadas na parte debaixo do armário. Curioso, como era, tinha que as abrir. Tal como era de esperar, a primeira nada tinha, tal como a segunda. Pensou que se calhar não valeria abrir a última pois também não teria nada mas mesmo assim tentou. Fez um ar surpreso quando descobriu que não estava vazia. Ali via uma pequena caixa de madeira, uma carta e um CD de música.
-Rasec! – Chamou Quental.
Rapidamente atirou com as três coisas para dentro da gaveta a que pertenciam. Quental bateu na porta e entrou.
-Sei que ainda não nos conhecemos bem mas gostava de dar uma festa, aqui, no apartamento. Acho que seria bom para nos integrarmos com o resto do pessoal do curso. – Calou-se esperando a resposta de Rasec.
-Claro, porque não? – Era bem verdade que Rasec odiava muita gente junta e que festas nem pensar mas se o colega queria mesmo porquê não lhe fazer a vontade?
-Então arruma o teu quarto e convida os teus amigos. Eu vou tratar da música, da comida e bebidas. Esta vai ser a melhor festa que já aconteceu nesta residência.
A festa (II)- Spoiler:
-Ding! Doing! – Tocava a campainha do apartamento.
Quental abriu a porta enquanto a música tocava alto dentro da sua nova casa. Deparou-se com duas raparigas e um rapaz. Todos morenos, mas uma delas com o cabelo bastante negro. Os seus olhos eram azuis contrastando com os olhos verdes do rapaz e os castanhos da outra rapariga. Elas eram bastante bonitas, pelo que Quental sorriu mas de repente reparou que a rapariga mais alta estava de mão dada com o rapaz. Sabia que não os conhecia mas mesmo assim deixou-os entrar.
-Bem-vindos à festa do Quental!
-E minha…- Ouviu-se uma voz vinda do fundo.
-Rasec! – Gritou a rapariga mais pequena saltando para o seu colo. Tratava-se de Loba.
-Loba! Tem calma rapariga! Não me faças cansar já que estou a ficar velho para essas tuas maluqueiras. – E olhando para o casal que a acompanhava cumprimentou-os. – Então, sejam bem-vindos, Sra. Sofia e Sr. Verdes.
-Olá Rasec! – Disseram em uníssono.
-Ding! Doing! – Voltou a campainha a tocar. Quental apressou-se a abri-la. Três rapazes encontravam-se do lado de fora. Um mais alto que os outros, um menos magro que outro. Um usando óculos e outro de cabelo grande. Havia ainda um com um sorriso contagiante, com cara de quem acabara de contar uma piada. Quental delirou!
-Olá rapazes! Diziam que não vinham, que não vinham mas afinal queriam era dar-me um ataque cardíaco.
-Sabes como é, oh Ice! Nós queremos ver-te morto. - Foi a resposta do mais baixo de todos, de seu nome Kyo.
-Andas com umas piadas, rapaz! Gray, não queres beber nada?
-Não! Daqui a pouco. Tem calma que ainda agora cheguei. Mas acho bem que arranjes uma cerveja aqui para o Maff que de tanto falar já deve ter a garganta seca.
-Olha que não falo mais que tu, oh marmelo!
-Pois, sim! Claro! Sem dúvida… - riu-se Gray.
-Mas já que falas nisso, podes bem trazer essa cervejola, Quental.
-Ding! Doing! – A campainha não iria mesmo parar naquela noite.
-Rasec! – Berrou Quental da cozinha. – Abre a porta, por favor!
Rasec não queria deixar os seus amigos mas sabia que não podia deixar a pessoa esperar eternamente que Quental voltasse da cozinha. Assim, abriu a porta pela primeira vez naquela noite. A boca de Rasec abriu-se em surpresa. Não a esperava ver ali. Pelo menos ele não a tinha convidado, por muita vontade que tivesse, e suspeitava que Quental não a conhecesse. Mas sendo assim como é que ela saberia daquela festa? Abanou a cabeça para deixar aqueles pensamentos de lado.
-Olá, Misa! – Cumprimentou Rasec corando.
-Olá, Rasec! – Respondeu de volta a rapariga dos cabelos loiros esvoaçantes. Ela era linda! E Rasec não se cansava de admirar a sua beleza. Sempre tinha gostado dela embora ainda não lhe tivesse confessado a verdade.
Uma carta da Miku (III)- Spoiler:
Todos estavam divertidos no meio de tantos sons e risos. Quental estava orgulhoso da sua própria festa. Podia-se dizer que até lhe dava um certo ar de gozo saber que tinha sido ele a preparar aquele acontecimento. Verdes e Sofia estavam sentados a um canto, beijando-se, o trio de rapazes estranhos apenas dançavam ao som da música com uma garrafa de cerveja vazia em cada uma das mãos. Quanto a Rasec, esse conversava com Loba enquanto olhava de relance para Misa que apesar de sozinha se parecia estar a divertir. No entanto, de repente, Rasec deixou Loba por uns minutos e dirigiu-se ao quarto. Estava demasiado curioso quanto ao que tinha encontrado no armário. Dirigiu-se ao mesmo e retirou as coisas do seu interior observando-as uma vez mais. Estava sentado com as três coisas no colo quando Misa entrou pelo seu quarto adentro.
-Misa? – Questionou-se Rasec. – Que estás aqui a fazer? – Perguntou ele com tremor na voz.
Misa sorriu.
-Que é isso? – Perguntou com o seu sorriso sorrateiro.
-Oh, apenas umas coisas que encontrei hoje, aí, no armário.
-Posso ver?
Rasec, num primeiro momento, tentou proteger as coisas que tinha mas após pensar um pouco pensou que não haveria mal em mostrar aqueles objectos à rapariga que amava. Pousou o CD e a caixa e passou-lhe o envelope. Misa pegou nele e abriu-o. Leu-o e franziu a sobrancelha. O que tinha acabado de ler parecia estranho por isso sentou-se ao lado de Rasec e passou-lhe a carta.
“Liberta os meus pecados,
Ouve a minha voz.
Não o evites!
Apenas deixa correr…
Miku”
Também ele ficou com um intrigado.
-O que é que isto significa? – Perguntou Misa passando os dedos pelas linhas escritas no papel.
-Pois, também não sei! Mas se calhar o melhor é abrir esta caixa. – Declarou Rasec pegando na pequena caixa de madeira.
Abriu-a e nada viu lá dentro. Ficou surpreendido mas apenas a passou a Misa. Ela ficou com um ar desconfiado por isso afastou-se um pouco de Rasec e pousou-a no meio de ambos. Mas nenhum dos 2 estava à espera do que ia acontecer. Uma luz começou a sair da caixa, iluminando ambos os rostos. Mas mais surpreendente ainda foram as 7 bolas de fogo que se formaram e rodaram rodeando a caixa. Quando a luz se apagou, apenas viram as pequenas bolas de fogo saírem porta fora. Misa e Rasec correram para a sala, o espaço da casa imediatamente seguinte ao quarto do jovem. Depararam-se com todos os amigos caídos no chão. Correram para eles tentando perceber o que se passava.
A música desperta (IV)- Spoiler:
Finalmente todos tinham acordado. Mas ninguém se lembrava do que tinha acontecido. Misa e Rasec entreolhavam-se tentando perceber ao certo qual o efeito que as bolas de fogo tinham provocado. Tirando o estado dos amigos quando chegaram à sala, nada parecia diferente ou mudado. O melhor seria que todos os amigos fossem descansar. Pareciam fracos! Assim despediram-se de todos e encaminharam os amigos para as suas casas, desejando que ficassem melhor. No final apenas tinha ficado Rasec, Quental e Misa. Quental estava no seu quarto, dormindo que nem uma pedra. Misa e Rasec tratavam de arrumar toda a confusão que a festa causara. Ambos estavam em silêncio, apenas pensavam no que tinha acontecido. Como iriam descobrir o que tinha acontecido? Foi então que Rasec se lembrou que ainda faltava um objecto: o CD. Falou na ideia a Misa que, após ter arrumado tudo, o ajudou a levar a aparelhagem para o seu quarto.
Click! Ouviu-se o som da aparelhagem a receber o CD. Já só faltava tocar o botão. Misa agitou-se de repente:
-Rasec! Sei que isto parece grave mas tenho mesmo que ir. Não te posso contar porquê mas desculpa. Depois contacto-te para saber, certo?
E dando-lhe um beijo de despedida rapidamente saiu do apartamento. Rasec abriu a boca mas nem sequer percebeu a atitude da amada. No entanto sabia que tinha que descobrir sozinho o significado de tudo aquilo que estava a acontecer. Mas esperou. Afinal, apesar de importante, mais uns minutos não faria grande diferença. Foi tomar banho e preparou-se para se deitar. Carregou no botão de Play e então a música fez-se ouvir no quarto de Rasec. Uma rapariga cantava uma música alegre mas por mais que tentasse ouvir a letra a verdade é que não percebia a sua relação com os restantes objectos.
“Down on my closed eyes comes
A transparent drop.
Though I try to catch,
It's slipping, falling.
My closed eyes are beginning to show some scenes,
Which are blurred in the same color?
It's beginning to fall, unstoppable,
Rain of lamentation.
Your voice, your voice will never again,
In the same way as you were with me,
Ring in my ears.
My words are straying, with nowhere to go,
Just echoing in the sounds of the rain.
Words exchanged between us, warmth exchanged between us
Are melting in the rain.”
Preguiça (V)- Spoiler:
Vários dias tinham passado e as aulas já tinham começado, mas ao contrário de Rasec, inteligente e trabalhador, Quental era bastante preguiçoso. Por mais que o colega de quarto o tentasse chamar à atenção a verdade é que Quental não fazia nada desde a festa. Não arrumava, nem sequer estudava. Passava todo o dia deitado na casa, com o laptop pousado nas pernas, a jogar o seu OMPG preferido, Tribal Wars. A verdade é que Rasec, apesar de calmo, já se começava a irritar um bocadinho com a atitude daquele a quem tratavam por Ice.
Do quarto de Rasec ouvia-se a única música que se conseguia ouvir ultimamente naquele apartamento. Mas no meio daqueles sons melodiosos, ouviu-se uma batida na porta de Quental.
-Entra! – Foram as palavras de Ice deduzindo que se tratava de Rasec. No entanto, estava tão absorvido no computador que nem olhou em direcção à saída do quarto para verificar se era mesmo o companheiro.
A pessoa que entrara no quarto nada falou. Apenas se dirigiu na direcção do dono do quarto e sentou-se na cama, próximo a ele. Ice levantou a cabeça pois achara estranha a atitude de Rasec. Normalmente ele apenas abria a porta e falava tudo o que desejava da entrada do quarto. Não era comum, ele sentar-se na sua cama. Mas quando levantou o rosto para saber qual a intenção de Rasec deparou-se com uma personagem de longos cabelos e olhos bastante claros, como se absorvesse toda a cor e felicidade ao seu redor. O seu olhar era assustador apesar do rosto bonito que se deparava perante Quental.
Ice nada disse com o espanto de ver tal pessoa perante si e talvez por isso tenha acontecido o que se seguiu. A personagem rodeou o pescoço de Quental com o seu braço esquerdo de forma tal que a cabeça dele ficava inclinada para trás pondo a sua garganta a descoberto. Quental tremia, estava a ficar com medo! E tinha razões para ficar pois o seu olhar sentiu algo reluzir na mão de quem lhe segurava o pescoço. Era um brilho algo metálico, mas não conseguia ver bem o que era. Foi então que a pessoa estendeu a sua mão direita em direcção ao tecto do quarto e aí, Ice, conseguiu finalmente ver qual era o objecto que era segurado naquela mão. Era uma foice! Uma das velhas foices que antigamente era tão comum ver nas velhas e cansadas mãos dos lavradores dos séculos passados. E sem sequer conseguir pensar ou aperceber-se do que se estava a passar, a verdade é que a lâmina daquele instrumento lhe rodeou o pescoço ainda esticado para trás. E num abrir e piscar de olhos a cabeça de Quental, que num segundo estava ligada ao seu corpo, no momento seguinte já rolava pelo chão de olhos abertos. A figura que cometera tal acto de violência levantou-se e dirigiu-se à secretária da pessoa à qual tinha acabado de tirar a vida e procurou por algo. Parou quando encontrou uma caneta e um pequeno papel. Escreveu algo e colocou o pedaço escrito na boca da vítima. A única coisa que se passou após isso foi a saída da criatura e o silêncio absoluto daquele quarto em que Quental tinha morrido.
Última edição por BlodyGirl em Sex Ago 28, 2009 5:26 pm, editado 1 vez(es) | |
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| Assunto: Re: O espírito da música Sex Ago 28, 2009 5:22 pm | |
| Entrada forçada (VI)- Spoiler:
Sofia começava a ficar preocupada. Ela e o namorado, Verdes, estavam diante de uma das portas de madeira velha da residência universitária que albergava alunos da sua faculdade, mais propriamente diante da porta do quarto de Quental e Rasec. Este último tinha pedido que passasse pelo apartamento em questão mas faziam já alguns minutos que esperavam em vão. O casal estava a começar a ficar preocupado porque não era costume do amigo marcar algo ao qual não iria comparecer.
Foi então que Verdes se cansou da espera e pondo a mão direita diante de Sofia fê-la afastar-se da porta ficando encostada à parede de cal branca do edifício universitário.
-Sofia, afasta-te!
-Que vais fazer? - Perguntou a namorada assustada e surpreendida com a atitude.
-Já vais ver. – E dizendo isto, Verdes afastou-se o máximo possível da porta e pôs-se numa posição séria, pouco comum no jovem. De repente começou a correr e quando chegou perto da entrada do apartamento, talvez 1m, metro e meio, começou a rodopiar o corpo de forma a dar um pontapé lateral na fechadura que a fez quebrar-se e abrir a porta com um estrondo que certamente se teria ouvido no último piso do prédio.
- Então? Quem é o perito nestas coisas?
Após se recuperar da peripécia, acabou por lhe responder olhando-o com desdém.
-E o convencido?
Sofia sabia que o namorado não era convencido, o problema dele era outro: orgulho! Tinha que se achar e ser o melhor em tanta coisa, não podia depender de ninguém. Era verdade que as suas habilidades eram úteis mas podia não se vangloriar tanto. Às vezes Sofia lembrava-se do dia em que lhe tinha confessado os seus sentimentos. Perguntava-se a si mesma se teria feito bem em ter aceitado o seu pedido em namoro, ao aceitar ser sua namorada. Gostava dele, tal como ele gostava dela e era capaz de tudo para lhe arrancar um sorriso do rosto mas… às vezes sentia-se tão mal! Ela sentia-se humilhada e acima de tudo chateada consigo própria por não conseguir fazer metade do que o namorado era capaz. Isso fazia-a sentir-se de rastos até porque ela tinha uma pontinha de ciúme dele. Ciúme não, inveja! Era isso que ela sentia por ele naquelas alturas e o pior é que o pecado mortal era tão grande que a maioria das vezes acabava a descarregar a sua frustração nas pessoas de quem mais gostava, nas pessoas quem eram suas amigas e que estavam sempre ali para a ajudar em tudo o que ela precisasse.
O corpo (VII)- Spoiler:
O casal entrou no apartamento. Verdes olhou em volta e nada viu de anormal, nenhuma razão para se preocuparem com Rasec.
Toda a sala estava arrumada embora tivesse uma revista de automóveis sobre o sofá de couro que se encontrava no centro da sala e algumas garrafas de cerveja vazias, umas deitadas, outras de pé, na mesa de vidro que ali estava.
Sofia respirou fundo e suspirou em tom de alívio. Ia agarrar na mão do namorado para se irem embora quando reparou numa porta aberta à sua esquerda, era o quarto de Quental. A curiosidade dela era bastante aguçada por isso dirigiu-se àquela divisão da casa. Espreitou para dentro do quarto. Viu algo que a perturbou. Aterrorizada com a imagem deu um pequeno grito que abafou quando dirigiu à boca ambas as mãos. Recolheu os braços para junto do corpo, o qual protegeu com os membros e deu meia volta ficando de costas para aquela visão assustadora para não ver aquilo nem um segundo mais. Verdes não deixou de estranhar esta razão e questionando-se porquê dirigiu-se à divisória. O que viu fê-lo arregalar os olhos. Mas não hesitou em caminhar em direcção à cabeça do colega para a poder juntar ao restante corpo. Foi quando agarrou nela que reparou que algo lhe preenchia a boca. Parecia… papel? Retirou-o e confirmou aquilo que pensava. Desamarrotou-o vendo que estava escrito. Tentou lê-lo mas o sangue mal deixava ver as letras azuis desenhadas naquele pedacinho branco que ele segurava entre os dedos. Com esforço consegui finalmente perceber as palavras:
“A vida ficará livre dos pecados.
E a preguiça foi o primeiro…
Todos os outros seguirão!”
Verdes esfregou o papel na sua camisola vermelha para limpar o sangue que o cobria e guardou-o no bolso das jeans com que sempre andava. Voltou a pegar na cabeça para cumprir o seu objectivo inicial, colocar a cabeça onde esta pertencia.
Voltou para junto da namorada e abraçou-a. Sabia o que ela estava a sentir naquele momento e não gostava de o saber assim. Colocou o seu braço direito sobre os seus ombros e arrastou-a para fora daquelas quatro paredes. Entretanto a sua cabeça estava num turbilhão. “Onde estaria Rasec? O que teria acontecido naquele apartamento? As lendas que se ouviam pela faculdade seriam, afinal de contas, verdadeiras? Não, não era possível! Mas se não fossem, então como Quental teria morrido?” Estas dúvidas não lhe saiam da cabeça.
Orgulho (VIII)- Spoiler:
Verdes tentava animar Sofia, tentava fazer com que ela se sentisse melhor, mas apesar de todo o seu esforço ele não via melhoras no seu estado. Sofia continuava nervosa e isso notava-se no seu corpo que tremia. Parecia que o que tinha acabado de acontecer tornava a missão de Verdes numa missão impossível tal como o êxito que tinha colocado Tom Cruise no patamar da fama, até porque ele próprio ainda estava um pouco abalado com o que tinha visto. O quarto estava salpicado de sangue por quase todo o seu espaço e a cabeça de Ice no chão teria feito arrepiar qualquer um, inclusive os mais corajosos. A cena tinha-se apresentado demasiado macabra. Ainda por cima ainda não tinham tido o mínimo sinal de Rasec. Teria sido ele o assassino? A hipótese já tinha passado pela mente de Verdes até porque, além do seu desaparecimento, qual seria a explicação para a porta estar fechada, quando lá chegaram, senão ter sido fechada por algum portador, e muito provavelmente dono, da sua chave?
Parecia não haver forma de acalmar a namorada. O que tinha acontecido tinha realmente chocado Sofia. Assim, Verdes lembrou-se de ir buscar água com açúcar para a acalmar, talvez isso resultasse. Assim dirigiu-se à porta da cozinha do apartamento em que estavam, escondida pelos biombos de madeira e pelo sofá do qual se tinha levantado. Chegou-se à mesa-balcão situado no meio da divisão no qual se encontravam alguns potes de metal identificados com o respectivo conteúdo. Um deles continha açúcar por isso agarrou nele e viu o pacote branco identificativo da substância pretendida. Rasec era mesmo assim… Apesar das suas qualidades, Rasec era exageradamente relaxado e nunca poria o açúcar da forma mais habitual, da forma mais comum entre a maioria das pessoas. Verdes pegou no pacote que se encontrava na sua frente e foi procurar uma colher no meio de tantas gavetas que os balcões tanto tinham. Estava demasiado nessa tarefa que nem reparou na entrada de uma rapariga na cozinha. Foi ao abrir uma dessas gavetas que ele deu por ela visto que lhe tinha posto uma mão sobre o ombro direito. O rapaz fechou a gaveta e tentou-se voltar mas sentiu algo frio ser-lhe encostado ao pescoço. Ficou em choque! O que tinha ao pescoço era provavelmente uma faca. Rodou a cabeça e ficou chocado com a beleza da rapariga. Apesar de amar a namorada, Verdes ficava deslumbrado facilmente pelo sexo oposto. Era uma das suas fraquezas. E gostou particularmente desta pois apesar era uma beleza assustadora, tenebrosa, terrível mas por detrás do medo que este rosto lhe podia causar a admiração por tal criatura conseguia sobrepor-se a essa sensação pois era a rapariga mais bela que alguma vez tinha visto com os seus cabelos cumpridos e de cor invulgar. Estava tão fixado na sua beleza que nunca mais se tinha lembrado da faca encostada ao pescoço até a sentir rasgar-lhe a garganta, começando a sangrar de imediato. Deixou cair o pacote de açúcar juntamente com a lata em que estava guardado causando um barulho metálico ao chegar ao chão. Da sala ouviu-se um grito de susto que vinha de Sofia que fez a rapariga despachar-se na tarefa aterradora que a tinha levado até àquela cozinha.
Um plano a ser trabalhado (IX)- Spoiler:
Sofia não sabia para onde ir nem como ir. Apenas sabia que tinha que ir, fugir dali o mais rápido possível. O medo era mais forte que a razão e fazia-a correr pelas ruas sem saber por onde passava.
Inesperadamente acabou por ir parar a uma porta de madeira que pertencia a uma velha casa amarela, uma casa pouco moderna mas em que ela passava a maior parte do tempo ou não pertencesse esta casa a uma das suas melhores amigas, Loba. Não sabia se tinha lá ido por hábito ou por saber que Loba a podia acalmar e talvez perceber o que se tinha passado mas a verdade é que agora, que tinha parado para respirar um pouco, percebia que aquele era o melhor local para onde ir.
-Ding! Dong!, Ding! Dong!, Ding! Dong! – Era o som ouvido dentro da casa de telhado negro devido ao xisto de que era feito.
Sofia esperava ofegante junto à entrada quando lhe abriram a porta. Felizmente Sofia descobriu que do outro lado a pessoa que apareceu foi a amiga e ninguém da sua família. Loba reparou no rosto assustado de Sofia e rapidamente pegou na sua mão e puxou-a devagar para a levar para o seu quarto sem se esquecer de fechar a porta. Fê-la sentar-se no colchão da sua cama coberto por uma colcha de retalhos coloridos que a dona adorava. Trancou a porta do quarto à chave e sentou-se ao seu lado. Abraçou-a e esperou que ela falasse. Via-se que estava perturbada mas tinha que a deixar tomar a iniciativa de falar para não a pressionar demasiado.
-Ele… Ele morreu, Loba. – Disse começando a chorar.
Loba ficara confusa. De quem estaria a falar?
-Sofia, calma! – Disse abraçando-a ainda mais apesar de também ela estar a começar a ficar nervosa. – Tenta falar com calma. Quem é que morreu?
-O Verdes, Loba. O Verdes morreu. – Disse com as lágrimas continuando a percorrer-lhe o rosto.
-Hã? Como assim? O que é que aconteceu Sofia? – Perguntou a amiga surpreendida.
-Em casa do Rasec.
-Como assim? Ups, desculpa! Fala à vontade. É só que é estranho toda esta situação.
-Bem, o Rasec pediu-nos para irmos ao apartamento. Quando lá chegámos ninguém estava por isso o Verdes arrombou a porta. E encontramos o Quental morto? – Sofia tapou os olhos como se isso a fizesse não se recordar daquela cena horrível mas respirou fundo e continuou a contar. - Claro que eu fiquei chocada. De tal modo que o Verdes teve que ir buscar um copo com açúcar para que eu ficasse mais calma. Ele foi à cozinha e foi de lá que ouvi algo a cair ao chão. Uma panela ou algo do género. Fui ver o que tinha acontecido quando me deparei com o corpo dele pendurado na parede em frente segurado por uma faca de cozinha com este papel rasgado.
Loba pegou no papel que Sofia lhe estendia e leu-o.
“Nenhum pecado escapará,
Nem o orgulho
Nem nenhum outro!”
Quando acabou de o ler Loba tinha a boca tapada com o horror de toda aquela história e das imagens que lhe tinham passado pela mente enquanto a ouvia. Após recuperar do choque separou-se de Sofia e deu uma volta pelo quarto com a mão esquerda atrás das costas. Este era um dos seus hábitos e este indicava que estava seriamente pensativa em algo e Sofia não deixou de reparar em tal atitude.
-Que se passa? – Perguntou limpando as lágrimas com as pontas das mangas da camisa branca que trazia.
Loba parou e olhou seriamente para ela. E sorriu, era um sorriso triste, como quando Loba queria transmitir felicidade aos que a rodeavam sem o sentir sequer um pouco, mas mesmo assim era um sorriso.
Loba demorou a responder mas mesmo assim acabou por falar.
-É que…Se duas pessoas morreram naquele apartamento então as lendas em volta dele podem ser verdadeiras e se assim é…
-Se assim é… Que foi Loba?
-Se assim for então o Rasec pode estar em perigo visto que ele mora naquele apartamento. – Loba tentava continuar o que lhe passava na cabeça mas os sentimentos quase não a deixavam. – Precisamos de fazer algo Sofia.
-Sim, precisamos. Mas o quê?
-Não sei mas eu não aguentava perdê-lo! Ele é o meu melhor amigo. – Fez uma pequena pausa para não deixar o que sentia afectar-lhe a razão. – Por isso estava a pensar em alguma ideia para impedir que lhe aconteça alguma coisa.
-Já tens alguma ideia?
Loba não lhe respondeu. Limitou-se a pegar no telemóvel que estava em cima da mesa de estudo e telefonou para alguém.
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| | | BlodyGirl Portador do Death Note
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| Assunto: Re: O espírito da música Sex Ago 28, 2009 5:23 pm | |
| Inveja (X)- Spoiler:
Loba estava sentada no hall de entrada da residência universitária em que as mortes tinham ocorrido enquanto amparava Sofia no seu colo. A terrível morte do namorado tinha-a deixado completamente de rastos e ela ainda não tinha sequer o mínimo sinal de que iria voltar ao normal. Kyo estava de cócoras diante das duas segurando nas suas mãos. Segurava a de Sofia devido ao seu estado aterrorizado, sabia que aquelas mortes a tinham perturbado e não queria desamparar uma rapariga no seu estado; quanto à de Loba, Kyo não queria que esta se deprimisse como a sua companhia, detestaria ver a rapariga de quem tinha começado a gostar triste. Estavam à espera dos outros elementos do grupo mas apenas Gray e Maff tinham confirmado a sua presença. Segundo Loba, Misa apenas tinha dito que não podia pois teria que acabar uma pesquisa, o que esta achara estranho pois Misa não trabalhava ou sequer estudava. Mas tinha decidido deixar esse assunto para mais tarde visto que agora o que importava era aquele apartamento e as mortes misteriosas que tinham ocorrido. Quanto a Rasec, este parecia ter desaparecido do mapa pois estava ainda mais incontactável do que o costume.
Quando os viu chegar Loba obrigou Sofia a levantar-se e apoiar-se em Kyo, do qual separara a sua mão. Dirigiu-se aos recém-chegados.
-Trouxeram o arsenal? – Foi a pergunta feita por Loba.
-Claro! – Respondeu Gray retirando o seu facalhão da meia branca que trazia calçada no pé esquerdo e passando a lâmina pela boca.
Loba estendeu a mão e Maff entregou-lhe a mochila negra e de caveiras prateadas que trazia pendurada num dos ombros. Esta abriu-o e tirou algo de lá de dentro. Uma borboleta. Gótica e obscura como era, Loba adorava este tipo de arama branca. Trabalhada e escura era assim que a sua arma era.
Prendeu-a no cinto que lhe rodeava a cintura fazendo com que o seu vestido escuro rasgasse um pouco, sem querer. Mas isso não a impediu de distribuir as restantes armas presentes na mala pelo grupo que restava. Haviam variados tipos de armas desde um revólver.22 até uma faca de guerra de cabo largo. Após a distribuição, reuniu todo o pequeno grupo e fê-los seguirem-na até à porta 44 do edifício em que se encontravam. Olhou em redor para saber se havia perguntas ou dúvidas mas nenhuma das faces dos colegas questionara algo que fosse mas algo inesperado aconteceu.
Sofia não aguentou a pressão, talvez devido à dor de ter perdido a pessoa que amava, e, agarrando o pulso da amiga para passar à sua frente e à de todo o grupo, começou a correr até à porta do apartamento tomando a liderança do grupo que não queria deixar para Loba. A porta ainda estava aberta devido à fechadura partida com a força do pontapé dado por Verdes. Sofia espreitou para dentro do apartamento e o que sucedeu foi demasiado repentino para que alguém do grupo se tivesse apercebido de algo, mas quando se aperceberam já era tarde de mais. Sofia já estava estendida no chão.
O que sucedeu aterrorizou todos os presentes. Do crânio de Sofia corria um fio de sangue, o que normalmente não seria capaz de provocar a morte não tivesse sido o facto de ela estar com uma flecha cravada na cabeça, desde a testa até à nuca. Ninguém vira a flecha mas todos sabiam que esta tinha vindo de dentro do apartamento.
O seu nome tinha sido um dos gritos vindos do grupo. Quando se aperceberam da situação a reacção de todos os seus elementos tinha sido instantânea. Desde Maff e Gray terem ido a correr a ter com o corpo até ao desfalecimento de Loba tudo tinha sido instantâneo. Kyo segurava Loba nos seus fortes braços devido ao desmaio. A verdade é que aquela cena tinha sido perturbante e tinha causado o descontrolo.
Enquanto Gray averiguava o estado do corpo de Sofia, encontrou algo enrolado à seta que tinha matado a amiga. Não estava a contar com aquilo mas pensando bem todos os outros corpos tinham sempre algo escrito com eles, sempre escrito no mesmo tom de azul.
“Um, dois, três…
Três pecados já foram entregues ao seu destino.
Só faltam quatro.”
À espera de uma nova morte (XI)- Spoiler:
Loba tinha finalmente voltado a si mas quando acordara a morte de Sofia tinha-lhe ficado presente na mente. Por mais que quisesse não se lembrar da imagem da sua amiga a morrer a verdade é que não conseguia e o corpo dela presente no hall não ajudava a que isso acontecesse. Mas Loba sabia que tinha que ser racional para que mais nada acontecesse, para que mais ninguém morresse. Assim, começou a andar por aquela zona para mostrar que estava pensativa.
-O que te passa pela cabeça, Loba? – Ouviu-se a voz de Kyo.
-Bem…- Começou Loba sem conseguir acabar.
-Diz lá! – Foi o pedido de Gray.
-É que eu não sei se devíamos ir embora… Este apartamento tem qualquer coisa e a qualquer momento pode haver mais alguma morte.
Maff chegou ao pé dela e abraçou-a, sabia-a com medo do que podia ocorrer.
-Não te preocupes, Loba! Se nos mantivermos todos juntos ninguém morrerá. O mal da Sofia foi ter vindo sem nós, foi querer chegar aqui primeiro.
Plac! Ouviu-se o estalo que Loba tinha dado a Maff. Podia ter sido mais barulho do que dor mas no entanto o ruído tinha levado a crer que Maff se teria magoado à séria, tal como era a intenção de Loba.
-Nunca mais digas que a culpa foi dela!
-Mas… - Disse Maff espantado levando a mão à cara. O estalo podia não o ter magoado, mas a face estava quente do choque entre o seu rosto e a palma de Loba. – Mas eu não quis dizer isso, miúda! Só queria dizer que não temos motivos para ir embora desde que saibamos o que fazemos, desde que ninguém se separe tudo correrá bem. - Maff respirou fundo. – E que seja a última vez que me bates. Sei que estás nervosa com as mortes e também que nesta situação nem eu consigo controlar as minhas acções mas numa próxima posso não ser tão compreensivo. – Aquilo não era uma ameaça, mas realmente Maff não tinha gostado da acção de Loba.
-Well… If you don’t mind I think it’s better to us that Maff take Loba’s leadership.
Kyo começou-se a rir apesar de toda a situação em sua volta. Gray a falar inglês era demasiado caricato nesta situação toda para não deixar de ter a mínima piada.
-Oh Gray, volta à Terra! Porque é que estás a falar inglês?
Gray começou a olhar para ele como se não tivesse percebido mas de repente entendeu.
-Desculpem! É do hábito mas tu podes parar de te rir. Esta não é uma boa altura. Mas o que eu estava a dizer. Se calhar o melhor é o Maff ser o nosso líder porque a Loba está-se a começar a descontrolar um pouco, para não dizer demasiado.
Loba acenou com a cabeça em tom afirmativo e Kyo imitou-a. Maff não deixava de estar um pouco surpreendido mas afinal aquilo era o que ele queria: uma razão para que o respeitassem mais. Podia ter que tomar conta do resto do grupo e ter que raciocinar para não agir de cabeça quente mas apesar do trabalho que isso podia representar a verdade é que ele tinha gostado do facto de poder ganhar ainda mais respeito, de ser ainda mais desejado pelos colegas, como se já não o fosse bastante.
-Então e o que vamos fazer? – Foi a pergunta que Gray decidiu fazer.
Maff pensou um pouco enquanto mexia no queixo mas acabou por responder.
-Em primeiro lugar precisamos de juntar os corpos e levar o de Sofia para dentro. Loba, - Referiu virando-se na sua direcção. – sei que pode ferir-te mas precisas de nos ajudar a fazê-lo, não te posso deixar sozinha para que não te aconteça nada.
Loba tornou a acenar com a cabeça. A verdade é que desde a bofetada dada a Maff, Loba nunca mais tinha falado mas também não era caso a importar nesse momento.
-Depois precisamos de nos organizar em pares para percorrer toda a casa e ver o que encontramos. Mas agora temos mesmo que retirar daqui a Sofia.
E após ouvidas as palavras de Maff, todo o grupo se juntou para completar o pedido feito pelo líder. Após a dolorosa tarefa de juntar todos os cadáveres no quarto de Quental, todos se sentaram no sofá para recuperar as forças. A verdade é que nenhum deles esperava carregar tanto peso. De facto, as pessoas quando morrem tornam-se mais pesadas mas eles ainda não se tinham dado conta desse facto até esse momento.
-Bem, temos que fazer os pares de busca. – Referiu Kyo.
-Sim, tens razão. Se não te importas, eu fico contigo.
-Não, Gray. Desculpa mas eu gostaria de ficar com a Loba. Sinto que ela precisa da pessoa em quem tem mais confiança nesta sala e não querendo ser convencido a verdade é que essa pessoa sou eu.
Gray olhou para Loba mas viu-a apática sem lhe dar uma resposta e talvez devido a isso chegou à conclusão de que Kyo teria mesmo razão.
-Certo! Então ficas comigo, não é, Maff?
-Se assim vocês o querem por mim tudo bem. Não tenho nada contra.
E agarrando no ombro do seu par dirigiu-se ao quarto de Rasec enquanto Kyo amparava Loba para a arrecadação.
Ganância (XII)- Spoiler:
Maff e Gray estavam ocupados a reviram todos os cantos possíveis do quarto de Rasec. Mas Gray, guloso como era, começava a ficar com fome. E começava a pensar em mil e uma iguarias que lhe deixavam um rasto de saliva na boca. Sonhava com panquecas banhadas em chocolate quente e também com suculentas maças, mas nada se comparava ao seu favorito bolo de morangos com chantilly. Quando a imagem do doce lhe apareceu na mente Gray lambeu os lábios e não aguentou mais.
-Maff…
-Que foi? Encontraste alguma coisa? – Inquiriu ele enquanto tirava uma pequena caixa de madeira recortada em diversos ângulos para lhe dar um ar mais romântico.
-É só que eu queria de ir à casa de banho. – Disse Gray escondendo o seu pecado mortal do qual tinha tanta vergonha.
-Sozinho? Nem penses!
-O quê? Queres vir comigo, é? Nem penses!
-Ergh… Realmente não me parece que essa seja uma visão muito agradável. Vai lá mas toma cuidado.
-No worry! – Respondeu Gray piscando-lhe o olho e saindo porta fora.
Maff sorriu para si mesmo. Ainda bem que Gray tinha ficado com vontade de ir à casa de banho. Agora, que sabia que tinha uma importante peça para o enigma que se desenvolvia naquela casa em mãos, teria gostado de ficar sozinho para investigar tudo aquilo e poder tirar proveito da sua dedução e inteligência para que os amigos ficassem ainda mais rendidos à sua pessoa.
Maff sentou-se então na cama que pertencia a Rasec admirando toda a caixa, observando-a bastante bem para que nenhum pormenor lhe escapasse da memória. Iria descobrir aquele mistério e não podia haver falhas no seu raciocínio.
Foi então que Maff viu de relance alguém entrar no quarto. Pareceu-lhe Gray visto a nem sequer ter olhado, apenas visto uma mancha de cor azul, como era o casaco do seu companheiro de busca. Mas Maff estava enganado. A pessoa que tinha entrado não era Gray e sim a portadora dos olhos mais verdes que o mundo jamais tinha visto.
-Quem és? – Perguntou Maff dando um pulo da cama mostrando-se forte mas por dentro estava completamente aterrorizado.
A criatura limitou-se a sorrir. E que lindo era o seu sorriso, o seu brilho demonstrava felicidade, era certo que era uma felicidade demoníaca mas não deixava de ser felicidade. Os seus dentes certinhos e brancos fariam sorrir qualquer que a visse mas não Maff, pelo menos no estado em que ele estava, cheio de medo. Era um sorriso que entrava na mente das pessoas e de nunca mais lá saia. A rapariga entregou um papel a Maff que o agarrou rapidamente como se fosse algo de muito valioso.
“Queres ser o próximo pecado, ganância?
Não te preocupes com os outros.
Irão ter contigo mais tarde…”
E após Maff ler isto, olhou seriamente para ela. Não a ia deixar matá-lo. Nunca! Por isso pegou na sua pistola de calibre.22 que estava em cima da cama mas ela foi mais rápida. Em menos de um piscar de olhos Maff já tinha levado um tiro silencioso devido ao silenciador da arma. Ela voltou a sorrir com a sua acção e saiu porta fora em busca de mais pecados e de mais vítimas.
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| | | BlodyGirl Portador do Death Note
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| Assunto: Re: O espírito da música Sex Ago 28, 2009 5:23 pm | |
| Gula (XIII)- Spoiler:
Gray estava cada vez com mais fome. Já só pensava em dirigir-se ao frigorífico de Rasec. O que haveria lá dentro? A gula de Gray não o deixava em paz e só descansou quando ele chegou ao destino pretendido. Abriu a porta e lá dentro descobriu imensos alimentos que lhe faziam crescer água na boca. Desde salsichas pré-cozinhadas até pequenos pacotes de sumo de laranja, incluindo salgados como rissóis e croquetes e doces. Mas acima de tudo tinha lá o seu predilecto, o bolo de morangos e chantilly com que ele andava a sonhar desde que tinha saído do pé do seu amigo.
Pegou num prato e retirou toda a comida que podia do frigorífico do qual ainda sentia o aroma suculento do que tinha restado no seu interior. Estava sentado na mesa de granito com toda a comida em volta fazendo-o deliciar com o que conseguia comer e mastigar. Começara a provar uma das fatias do bolo com morangos quando sente algo engasgar-se-lhe na garganta. Era algo que não parecia comestível, algo demasiado indefinível para ser duro ou mole como a comida costumava ser. Algo como se fosse… papel! Dirigiu a mão à boca e com as pontas do polegar e indicador retirou cuidadosamente o que estava a sentir. Deparou-se com um pequeno pedaço de folha bastante enrolado e preso com um fio bastante fino como se fosse um cabelo mas de uma cor esverdeada o que o fez descartar essa ideia. Mas que interessava agora o que aquilo era? Abriu o papel e deparou-se com um pequeníssimo texto.
“Bom apetite doce gula,
Saboreia esta que é a tua última refeição
Pois o teu maior desejo será a tua perdição!”
Gray nada entendera daquelas palavras mas estas tinham-no deixado aterrorizado, como se estivesse prestes a morrer, como se alguém o tivesse acabado de ameaçar. Será que seria a próxima vítima naquela casa? Levantou-se para fugir dali, mas não antes de pegar num rissol de carne. Foi então que, após alguns passos se começou a sentir bastante cansado, como se tivesse corrido uns bons km antes de tentar sair dali. Além disso estava a começar a suar, lembrando alguém que se encontraria numa sauna bastante quente, e as dores de barriga estavam a aparecer e a ficar cada vez mais fortes. Não sabia o que estava a sentir naquele momento e muito menos a razão de o sentir mas aquilo assustou-o ainda mais do que quando pensara em sair daquela divisão. Sem conseguir aguentar mais, caiu no chão. Ainda se tentou arrastar pelo chão mas ao olhar para trás para verificar se não tinha ficado preso em nenhum lado viu-a. O corpo dela era esbelto e perfeito. O seu ar de miudinha de poucos anos faria alguém sorrir, pelo menos se não estivesse a morrer, e, ao mesmo tempo, o seu corpo era motivo de desejo para muitos rapazes, principalmente para Gray, que adorava um uniforme colegial. Mas foi então que a vítima observou algo brilhar na sua mão. Era um pequeno frasco redondo com uma velha rolha de cortiça, como se de uma poção se tratasse mas essas coisas não existiam na vida real por isso Gray percebeu o que lhe tinha acontecido. Aquela bela rapariga tinha envenenado o seu bolo. A gula era o seu pecado e Gray estava a pagar por não se conseguir controlar nesse campo. Após todos estes pensamentos a sua mente esvaziou-se ficando em branco, não o deixando mais pensar e muito menos raciocinar. Acabou por desfalecer no chão, virado de barriga para baixo. Aquele tinha sido o momento da sua morte e acabara de deixar Loba e Kyo sozinhos naquele apartamento sinistro e onde uma assassina se encontrava.
Luxúria (XIV)- Spoiler:
O casal tinha acabado de descobrir o corpo de Maff sobre a cama de Rasec com um tiro no meio do peito, exactamente no lugar do coração. A cena podia não ferir tanto as suas mentes como tinha acontecido com a morte repentina de Sofia mas não deixava de causar e muito menos tristeza pela perda de um grande amigo e um rapaz preocupado com os outros. Era bem verdade que Maff tinha os seus defeitos, como a cobiça e a avareza, mas as suas qualidades tornavam-no num rapaz espectacular, digno de admiração e respeito por parte de todos os seus conhecidos. Kyo tinha examinado a ferida para verificar se o amigo ainda estava vivo e por isso tinha as mãos cobertas de sangue. Loba tinha ficado enjoada ao observar as mãos do namorado por isso correu para a sala tapando a boca por causa dos vómitos. A sensibilidade dela ao sangue era enorme!
Kyo estendeu o corpo em cima da cama e foi atrás da namorada antes que lhe acontecesse algo, ou talvez, quem sabe, o assassino a apanhasse. Não podia permitir que isso acontecesse. Entrou na sala e deparou-se com algo que não queria. Loba estava desmaiada no chão e, junto a ela, encontrava-se alguém, mais propriamente uma rapariga. E, por mais que quisesse ajudar a namorada a verdade é que o decote e a curta saia da jovem mal o deixavam mover a cabeça na sua direcção. Toda a sua atenção se concentrava nas curvas da jovem mais sensual que algum dia tinha visto. Os seus olhos brilhavam só de olhar para tal criatura. E, para emudecer ainda mais Kyo do que aquilo que ele já estava, a rapariga levantou-se passando a mão pela perna de forma calorosa e levantando um pouco a saia e mostrando-lhe as cuequinhas verdes que tinha vestidas. Estendeu-lhe a mão para o abraçar, acção que Kyo não evitou pois notava-se que tinha um alto no meio das pernas devido ao que estava a imaginar com a assassina. A rapariga de longos cabelos pegou no rosto de Kyo e apertou-o para que pudesse passar a língua pelos seus lábios de forma a seduzi-lo ainda mais, se é que ainda haveria alguma parte do rapaz que ainda não estaria em alvoroço com a jovem. Kyo tentava a toda a força entregar-se aos prazeres da carne e tentar beijar a rapariga mas esta não deixava. Ele tentou e voltou a tentar, insistiu uma, duas, até uma terceira vez até que de repente sentiu ser apunhalado pelas costas. Tentou abrir a boca em busca de algo que fizesse com que aquela dor parasse, a dor era desesperante mas a verdade é que ela não passava. Sentiu que a rapariga o largara fazendo com que ele caísse de joelhos no chão e tendo que apoiar as mãos no mesmo. O ar já lhe custava entrar nos pulmões quando se sentiu desmaiar. Mais uns minutos e em breve estaria morto, esse era o destino de Kyo.
Fuga (XV)- Spoiler:
Misa tinha acabado de chegar à residência universitária. Esperava ainda ir a tempo de salvar os seus amigos. Infelizmente toda a sua pesquisa só lhe tinha provado que os seus pensamentos eram verdadeiros aquando ela e Rasec tinham aberto a caixa encontrada no seu quarto. Não queria que assim fosse mas sabia que nada podia fazer senão ajudar as pessoas com as quais travava amizade.
Subiu os degraus de mármore branco da grande escadaria do prédio. Caminhava num paço apressado mas nunca sem correr, apenas o suficiente para chegar ao apartamento pretendido sem se cansar. Após alguns minutos finalmente chegara ao seu destino. Ao dirigir a delgada mão branca à maçaneta da porta para a abrir reparou que a fechadura estava partida, provavelmente tinha sido obra de alguma força sobre a mesma com o propósito de a arrombar. Temia que fosse o que pensava, que fosse quem pensava ser, se é que se podia chamar alguém à criatura sobre a qual tinha pesquisado e descoberto tanta coisa. Respirou fundo, para ganhar coragem e força para aquilo que podia ver do outro lado daquela porta, e entrou tentando não fazer barulho para evitar que lhe pudesse acontecer o que podia ter acontecido aos seus amigos.
Deu em passo em frente e olhou em sua volta e viu aquilo que mais temia. Dois dos seus amigos estavam deitados em pleno chão. Kyo estava em posição fetal, de costas voltadas para Misa o que a permitia ver o cabo prateado de um punhal de prata cravado no meio da sua coluna. Estava coberto de sangue junto a ele, já havia uma pequena poça de sangue que provinha do ferimento mortal. Quanto a Loba, essa não aparentava sinais de cortes ou ferimentos letais. No entanto a rapariga estava deitada no chão como se estivesse morta. Misa dirigiu-se aos corpos para os analisar. Começou pelo namorado da amiga que estava em bastante mau estado. O corte era grande e profundo e tinha desfeito parte da sua camisa preta. Misa tentou retirar o punhal para observar melhor a ferida e foi ao fazê-lo que reparou que o punhal atravessava não só a camisa de Kyo mas também um pequeno papel branco. Após tirar a arma das costas do amigo morto, agarrou no papel para o observar melhor. Reparou que tinha algumas palavras escritas em tom de azul.
“A luxúria é dos pecados mais interessantes.
Aquele que faz amar em excesso,
e em excesso desejar a morte para o provar.
Aqui tens o teu desejo mais íntimo…
A tua morte!”
Guardou o papel dentro do seu precioso caderno de capa preta que tanto estimava. Foi em direcção a Loba para a examinar. Colocou-lhe o indicador e o médio junto ao pescoço e sorriu. Loba tinha a pulsação demasiado baixa mas ainda a tinha o que significava que ainda estava viva. Não tinha conseguido salvar Kyo mas Loba iria ficar protegida. Misa tentou acordá-la. Primeiro ao de leve, apenas chamando, para depois ser um pouco mais bruta abanando-a com convicção. Custou mas conseguiu acordá-la.
-Misa? – Perguntou Loba surpreendida.
Em resposta, a loira levou um dedo aos lábios em forma de silêncio.
Loba acenou afirmativamente com a cabeça e olhou para a sala. Viu o namorado morto e tentou correr para ele mas a verdade era que estava demasiado fraca para sequer se conseguir levantar. Olhou com raiva para Misa.
-Foste tu! – Disse com um tom de ódio na voz.
-Não… - foi a resposta sincera de Misa mas sem conseguir dizer mais nada.
-Mentirosa! - E após esta palavra cerrou os punhos e começou a dar murros à companheira.
Misa apenas se tentou proteger colocando os braços em cruz em frente do rosto. Apenas de não ter sido ela a assassina sabia o que Loba estava a sentir e compreendia a sua revolta. Não a iria impedir pois só sabia que isso a iria irritar e fazer com que se sentisse pior.
-Não foi ela, Loba! – Foram palavras que vinham de trás de ambas. Era uma voz doce, carinhosa, cantante mas ao mesmo tempo fria. – Fui eu!
Loba parou de bater na amiga e virou o rosto na direcção da voz, e Misa imitou-a. Do outro lado estava uma rapariga com algo esverdeado na sua mão direita. Na esquerda segurava, com firmeza, uma arma de fogo, mais propriamente, uma pistola como se viam nas séries policiais naqueles dias de Verão durante a madrugada
Loba ia-se levantar para poder matar a assassina da pessoa que mais tinha amado até àquele mas Misa não deixou. Agarrou no seu pulso e fazendo-a levantar-se tentou correr para fora daquele apartamento de forma a se proteger a si e à amiga.
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| Assunto: Re: O espírito da música Sex Ago 28, 2009 5:24 pm | |
| Ira (XVI)- Spoiler:
Loba corria tentando acompanhar o passo rápido de Misa. Era-lhe difícil tal proeza pois a amiga estava em muito melhor forma mas esforçava-se por fazer o seu melhor. Sabia que se não o fizesse aquela rapariga acabaria por alcançá-las. Estava com medo! Sabia o que ela tinha feito às pessoas que lhe eram mais queridas, aos seus amigos mais íntimos, aos seres de quem mais gostava na vida.
Não sabia onde Misa a levava mas sabia que teria que a seguir. Mas estava a ficar cansada. Não conseguia correr mais, as pernas já lhe doíam e o peito estava ofegante. Foi então que tropeçou nos seus pés, devido à velocidade com que se esforçava para correr. Misa parou e olhou-a. Sabia que tinha que a ajudar mas a assassina estava cada vez mais próxima e não podia parar. Foi então que Loba se encheu de coragem, encheu o seu peito de ar e, com dificuldade, conseguiu pôr-se de pé. Mas já não queria fugir, sabia que não valia a pena. Mas o ódio por aquela rapariga estava a começar a aparecer no seu doce coração. Era algo que nunca tinha sentido mas era forte e desejava poder matar, com suas próprias mãos, a criatura que as perseguia. A ira estava a começar a apoderar-se do seu corpo, como se fosse aquele o objectivo pelo qual tinha lutado toda a vida.
Loba, voltou-se para a rapariga dos cabelos verdes cor-de-mar. Iria enfrentá-la. Não a perdoava ter-lhe roubado quem mais amava no mundo, os seus amigos e o rapaz da sua vida. Queria fazer-lhe o mesmo que a rapariga tinha feito aos restantes elementos do seu grupo. Quem olhasse para o brilho que provinha dos olhos de Loba teria medo, pois era um brilho de ódio, de vingança, como se quisesse destruir todo o mundo. Mas ela não queria destruir o mundo, ela apenas queria fazer com que aquela rapariga morresse.
Foi então que Loba se projectou sobre o corpo da rapariga da cor estranha, uma cor linda sem dúvida, mas que não deixava de ser estranha. Lançou-se com tal força que fez a assassina cair ao chão e lançar a arma, que ainda trazia na mão, para alguns metros de distância de ambas. Isto deixara ambas surpreendidas.
Mas a assassina não iria deixar que uma simples rapariga de tenra idade a impedisse de cumprir o seu objectivo final. Eliminar todos os pecados mortais! E ali estava um na frente dela. A ira, tal e qual como ela gostava. Louca, desvairada e à flor da pele. Por isso sorriu maldosamente enquanto colocava Loba por baixo do seu corpo e lhe agarrava os pulsos para que não se conseguisse levantar do solo. Loba já não podia escapar mas a rapariga não sabia como a matar agora que já não tinha na sua posse a arma de fogo. Mas lembrou-se do picador de gelo que trazia sempre no interior das suas meias pretas até à coxa, dentro de um pequeno saco de pano para que não ocorresse algum acidente. A jovem tentou juntar as mãos de Loba para conseguir agarrar ambos os pulsos com uma única mão. Com esforço lá conseguiu e com a mão livre aproveitou para deslizar pela perna sensual do seu corpo e retirar a arma do saco avermelhado em que estava. Retirou-a e puxou-a até ao nível do seu peito. Passou a ponta pelos pulsos da vítima fazendo-a sangrar e espernear enquanto gritava e a fazia ter cada vez mais ódio por si. A ira de Loba ia aumentando de segundo para segundo.
Misa olhou para trás. Finalmente tinha-se apercebido do que se estava a passar. Voltou para tentar salvar a última pessoa que ainda estava viva. Mas já não ia a tempo. Quando finalmente chegou lado a lado com a assassina, Loba já não respirava. A “doce” jovem de olhos verdes tinha cravado o picador no seu coração enquanto lhe dizia algumas palavras que Misa ainda tinha ouvido:
“Ira, minha preciosa ira…
És o último pecado e só te soltaste devido a seres a última.
O teu salvamento antes da morte da Luxúria nada mais foi do que um pretexto para te deixar ainda com mais ódio por mim.
És o último pecado e a última morte.
Ira, minha preciosa ira…”
Também Misa tinha ficado com ira quando chegou perto da assassina e lhe atirou com um pedregulho da calçada que tinha pegado segundos antes. Sabia que não se podia descontrolar senão perderia a razão e também o seu plano para acabar com aquele desesperante pesadelo. Mas tinha que a fazer querer matar apesar de todos os pecados já estarem mortos. E a pedra tinha ajudado. A assassina pegara no seu alho, algo que nunca largava, e começara a correr atrás de Misa. Esta sorria. Tinha conseguido fazer o que desejava, atrair a atenção dela.
Feitiço (XVII)- Spoiler:
Misa sentia que ela corria atrás de si decidida a caçá-la e a fazer dela mais uma das suas presas ou vítimas. Ouviam-se os passos cada vez mais rápidos da rapariga, com um toc-toc das suas botas batendo nas pedras da estrada. Misa sorria. Sabia estar a ser perseguida por uma horrível assassina capaz de matar quem quer que fosse apenas para cumprir os seus objectivos mais terríveis, para saciar os meus desejos mais sanguinários. Mas apesar de sorrir, Misa não se atrevia a olhar para trás. Sabia que se o fizesse a sua morte seria mais que certa, não podia realizar esse seu pensamento.
De repente, Misa, que tinha chegado a um bairro de ruas escuras e sombrias, sem um único ser vivo na distância de várias centenas de meto, abriu uma porta de madeira velha de uma casa sem cor, uma casa que mais parecia assombrada de tão poucos tons que tinha, assombrada como o apartamento do qual estava a fugir. Esperou que a rapariga observasse com atenção a sua entrada no edifício e correu escadas acima até ao último piso. Foi dar a um corredor de imensas portas antigas, tais como a da entrada. Numa delas estava uma nota de música extremamente bem desenhada num tom azul esverdeado, como os olhos da perseguidora. Naquela porta o símbolo ficava estranho. No meio de tanta escuridão aquela nota desfigurava todo o ambiente mas nem uma nem a outra ficaram ali para pensar na estranheza da imagem.
Misa dirigiu-se a essa mesma porta e abriu-a. Do outro lado nada se via. Estava tudo demasiado escuro para se poder ver mais do que meio palmo à sua frente. Mas Misa caminhou decidida, como se conseguisse ver o que quer que fosse dentro daquela sala. Atrás dela ouvira um bater de porta. A jovem perseguidora tinha finalmente entrado onde Misa queria desde o início.
-Vem! – Chamou Misa.
Ouviu-se um suspiro de raiva. A assassina já não aguentava muito mais. Tinha cumprido o seu objectivo de eliminar os pecados mas não podia deixar Misa escapar. Ela sabia demasiado, ela vira demasiado para a deixar viva…
-Vem! – Tornou Misa a chamar.
Mais um suspiro. Mas desta vez ela foi. Sabia que se tratava de uma cilada mas foi. O ódio era demasiado para não ouvir o chamamento. Um passo. Dois passos. Mais alguns. Mas de repente, bateu em algo. Parecia uma parede. Tentou contorná-la mas por mais que desviasse as mãos para a direita a parede parecia enorme, além de que se sentia andar em círculos. Outro suspiro preenchido pela raiva e pelo ódio. Tinha-se apercebido de que estava presa em algo, mas em quê se não tinha atravessado mais nenhuma porta senão a da nota? Onde estaria? Como ficara presa naquele lugar?
De repente uma pequena luz acendeu-se. E depois outra, e mais uma, e outra e mais algumas. Misa estava a acender velas. Finalmente aquele local estava com luz suficiente para a assassina ver onde estava. Era um local cheio de móveis poeirentos e muitos deles estavam tapados por brancos lençóis. Aqui e ali havia pequenas mesas de apoio com alguns objectos que não conseguia reconhecer. Mas, ao contrário do que pensava, não tinha nenhuma parede diante si. Mas como podia estar presa se nada a envolvia? Tornou a tentar ir em frente mas algo a bloqueava, como uma barreira transparente. Como era possível? De repente, batendo os pés de raiva, reparou em desenhos no chão. E em volta dela estava um círculo branco de giz. Não percebia o que se passava mas só desejava sair dali para poder matar aquela loira com as suas próprias mãos. O seu primeiro objectivo era apenas eliminar os pecados do mundo, nunca iria matar mais do que o necessário se assim acontecesse, mas aquela rapariga armada em heroína da II Guerra Mundial tinha-a provocado e estava a humilhá-la, que era algo que nunca tinha deixado ninguém fazer.
-Que me fizeste? Que é tudo isto? – Eram as perguntas da assassina de rosto doce e corpo sensual. - Solta-me! Ordeno-te que me soltes! – A voz dançante estava cada vez mais grave com a raiva sentida.
Misa limitou-se a sorrir e a virar a cabeça um pouco de lado, sem nunca parar de olhar para a dona dos cabelos verdes. Ela vira aquilo como mais uma provocação o que a deixou ainda mais fora de si.
-Acreditas em magia? – Foram as primeiras palavras que se ouviram da boca de Misa.
-O que tens a ver com isso? – Disse-lhe com um olhar gélido.
Misa levou os dedos aos lábios em sinal de silêncio. Não sabia se ela lhe iria obedecer mas teria que o tentar. Deu uma volta em redor da prisão transparente e sorriu uma vez mais. Estava perfeita! Dirigiu-se a uma das pequenas mesas que se encontrava na sala e de lá retirou um curto pau de giz com o qual começou a desenhar ainda mais formas perto do círculo inicial enquanto murmurava umas palavras que ela não percebia. Eram palavras enigmáticas e ouvidas num tom taciturno que fazia lembrar uma espécie de feitiço.
A assassina ria-se de fúria e também porque não percebia o que Misa estava a fazer, parecia-lhe algo ridículo. Mas, de repente, começou a sentir dores por todo o corpo, intensas, fortes, como se a sua alma estivesse a sair do seu corpo. Encolheu-se em posição fetal para impedir que as dores a magoassem ainda mais. Era uma dor agonizante, terrível. E nada parecia fazê-la abrandar. Queimava-lhe todo o corpo como se estivesse a ser consumida pelas labaredas de um enorme fogo que a envolvia por todo. As dores eram fortes! A rapariga, apesar de insensível, como se pudera prever pelas suas mortes, chorava agora finos fios de lágrimas que lhe ardiam no rosto branco. Por mais que tentasse não conseguia deixar de chorar pois as dores não a deixavam sequer raciocinar. Mas, de repente, elas pararam mas quem olhasse para dentro do círculo já não veria uma rapariga em agonia mas sim um rapaz alto e forte. Um rapaz com alguns cabelos brancos mas que apesar disso aparentava ser jovem, talvez nos seus 25, 26 anos, que infelizmente depressa desmaiou devido ao esgotamento que se podia notar pelas gotas de suor que lhe escorriam pela testa. Era Rasec!
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| Assunto: Re: O espírito da música Sex Ago 28, 2009 5:25 pm | |
| Separação dos corpos (XVIII) - Spoiler:
Ao lado do corpo caído de Rasec, encontrava-se a terrível assassina mas parecia diferente. Já não tinha aquele brilho que todas as vítimas viam antes de morrer, nem aquela cor fantástica que tantos admiravam. Mas não deixava de ser a Miku Hatsune de que muitos fãs do Vocaloid gostavam. No entanto, tinha um ar fantasmagórico, um ar quase transparente apesar de se notar que o seu corpo era físico e não apenas uma alma. Esta bramiu e tentou passar pelo círculo de giz mas, mais uma vez, não conseguiu.
-Não penses que é por seres um espírito que podes fazê-lo…
Miku deu um murro ao ar na esperança de que aquela barreira se desfizesse. Não tinha muita esperança nisso mas os seus nervos, ao ver a verdade reposta, não a deixava sequer pensar naquilo em que acreditava ou não. Foi então que reparou que Misa se tinha e ido buscar algo brilhante, com um brilho metálico, e esse brilho era lindo, hipnotizante. Só que quando Misa ergueu o objectivo, Miku sentiu um arrepio pela espinha abaixo. Reconhecia aquela espada. Era conhecida por Gudsverde,A Espada dos Deuses. Um espada feita de platina, macia mas cortante, como nunca nenhuma espada tinha sido até àquele momento. Uma lenda dizia que a espada era tão magnificente que era até capaz de assustar os mortos, de os enviar definitivamente para o outro mundo, se por elas fossem cortados. Com um punho azul cravejado por cinco safiras em cruz, o seu brilho ainda ostentava mais o seu esplendor. Cada safira cravada por uma runa antiga, provavelmente babilónicas. Era linda e nenhuma outra espada conhecida tinha sido tão trabalhada. Afinal aquilo que a maioria das pessoas conhecia como lenda sempre existia.
Misa sorriu mas não era o seu sorriso doce e feliz tão conhecido, mas sim um sorriso maléfico que combinavam com todo o horror do brilho que os seus olhos apresentavam. Quem olhasse para ela viria uma vontade e um desejo súbito e enorme de morte, de matar quem estivesse na sua frente. Era o rosto que Miku tinha apresentado a cada uma das suas vítimas mas que agora se tinha transformado numa de medo e terror, assustada mas lutadora, com vontade de lutar pela sua vida custasse o que custasse. A verdade é que Miku e Misa tinham trocado os seus papéis.
E quando Miku menos esperava Misa começou a correr com os braços recolhidos para o ombro direito segurando a espada atrás das costas. Misa iria fazer com que Miku desaparecesse, ia dar o seu golpe final e vingar todos os seus amigos. A raiva estava a possuí-la e ia usá-la para dar ainda mais ênfase ao ataque prestes a acontecer. A cada passo de Misa esta tinha mais vontade de o cumprir. Nunca tinha matado nada nem ninguém com as suas próprias mãos mas algo a levava a querer fazê-lo.
E quando Misa chegou a poucos centímetros de Miku, fez a espada descer em diagonal tentando acertar-lhe mas o medo da serial killer fê-la tomar atitudes, fê-la desviar-se do golpe no exacto último momento antes de algo lhe acontecer. E com a força que Misa tinha posto em todo o ataque, ao falhar, desequilibrou-se e entrou dentro do círculo caindo redonda no chão, largando a espada. Miku era inteligente e aproveitou o momento para agarrar a espada e tentar cravá-la no corpo de Misa ainda deitado na madeira do soalho. Mas, mais uma vez, parecia que o destino não queria a morte de nenhuma pois também Misa conseguiu rodopiar o seu corpo evitando assim desaparecer da face da Terra. Ao encontrar-se cara a cara com Miku, Misa viu a espada de relance que a rapariga agarrava na mão direita; e com a força de um pontapé atirou-a para longe, apenas ficando uma pequena ponta dentro do círculo que as cercava. Foi aí que uma luta entre as duas começou. O rancor e a vontade de vencer a outra era enorme, capaz de destruir o mundo se isso as fizesse também destruir a oponente. Miku prendia Misa junto ao chão para que esta não se movesse mas a agilidade da última era enorme e acabou por encolher a perna por baixo do corpo esguio de Miku e dar-lhe uma joelhada que a fez largar por instantes e lhe deu a oportunidade de tentar agarrar a espada. Mas a assassina também se movia bem e depressa e conseguiu, com um salto, agarrar primeiro a espada. Estava frente-a-frente com ela deitada no chão. Ia dar o golpe de morte, quando a agilidade de Misa a surpreendeu novamente ao fazer-lhe um movimento de perna que a fez cair para trás. Rasec, que até aí se tinha mantido em silêncio e sem se mover, levantou-se um pouco e abraçou Miku pelas costas. Este gesto impediu Miku de se conseguir mexer um pouco que fosse o que fez com que largasse a espada que Misa prontamente a agarrou. Agora tinha a ajuda de Rasec e seria muito mais fácil destruir o espírito maléfico da assassina. Encolheu os braços abraçando a barriga, sem nunca largar a espada, e fê-la cortar o ar na sua frente arrastando atrás de si a cabeça de Miku. Mas no final do golpe nada restava. Apenas um fino rasto de fumo azul esverdeado, a cor predominante da serial killer agora desaparecida.
Misa deixou-se cair novamente no solo cansada. Todo aquele esforço a tinha esgotado. Rasec chegou-se perto dela e abraçou-a. Sabia que ela precisava de companhia e ajuda para recuperar bem de todo aquele cansaço. Rasec sorriu. Finalmente estavam livres das mortes terríveis. Todos os seus amigos podiam estar mortos mas pelo menos tinham-nos vingado e ele… Rasec, estava agora livre do espírito que tinha tomado conta do seu corpo. Podia ter sido uno com uma linda serial killer mas agora estava livre e feliz porque pelo menos agora tinha Misa a seu lado.
- Spoiler:
Uns meses mais tarde (XIX)Rasec tinha acabado de chegar à sua nova casa de mãos dadas com Misa. Desde que tinha perdidos os seus amigos que Rasec decidira mudar de casa, e apaixonado como estava, convidara Misa para viver com ele. A nova casa era branca e cheia de vizinhança, algo calmo mas bastante protegido. As crianças que por ali corriam alegravam o espírito do bairro fazendo com que o casal sorrisse e se olhasse apaixonadamente. Finalmente teriam paz para desfrutar o seu amor e a nova moradia representava essa paz, essa felicidade que tanto os acalmava. Rasec pousou a mala preta que tinha trazido consigo e agarrou Misa pela cinta fazendo com que ela deixasse cair a sua. Sorriu. -Obrigado, Misa! Misa retribui o sorriso e respondeu serena. -Não podia perder o homem que tanto amo… Apenas segui a força que este amor me deu, nada mais. -Mas estar-te-ei agradecido por toda a eternidade. Salvaste-me a vida e nada mais posso pedir de ti. És a minha princesa e quero ser feliz contigo. Prolongar esta felicidade tão peculiar entre nós ao máximo. Construir um futuro sólido e amar-te eternamente. Misa voltou a sorrir mas desta vez um sorriso tímido. Aquelas palavras tinham-na deixado tímida e sem resposta. Tinha gostado de as ouvir mas não conseguia deixar de se sentir constrangida, afinal tinha o amor da sua vida à sua frente. E gostando do ar corado dela, Rasec não resistiu e beijou-a com sentimento, como se não houvesse amanhã. FIM
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